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[Fashionismo nerd] O estilo geek-chic de Jemma Simmons

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Como não amar FitzSimmons?

A dupla (casal?) de cientistas/nerds/gênios precoces mais fofa da história dos seriados. Concordam?


Marvel's Agents of S.H.I.E.L.D, produzida pela emissora norte-americana ABC, é centrada na equipe de agentes reunida por Phil Coulson, o braço direito de Nick Fury, e que teve uma breve morte (isso mesmo) no primeiro filme dos Vingadores. Retornou à vida para estrelar esta série e formar um improvável, mas altamente treinado time que, a bordo de um estiloso avião, se dedica a resolver os casos mais misteriosos e combater inimigos como a HYDRA.

FitzSimmons foram criados, primeiramente, para servirem de alívio cômico da trama, mas os personagens foram evoluindo, tornando-se mais complexos, seu plot cada vez mais dramático até viverem cenas de puro angst. Depois de serem traídos e quase assassinados pelo ex-companheiro de S.H.I.E.L.D, ambos tiveram de aprender a lidar com o trauma consequente da experiência de quase-morte e o step back em sua relação de amizade. Aos poucos, estão reconstruindo sua relação, recuperando a dinâmica do início da série e voltando a ser os melhores amigos de sempre.





Eu não via uma dupla tão adorável e cativante desde Mulder& Scully de Arquivo X.

Mas a despeito da introdução, o foco deste post é apenas uma metade de FitzSimmons. A metade geek-chic: Jemma Simmons. A bioquímica britânica, agente da S.H.I.E.L.D, com um alto senso fashion e super fã de Doctor Who. Sim, ela é legal demais! E seu figurino não poderia ser mais condizente com sua personalidade.


A personagem costuma combinar um estilo mais clássico e feminino com uma indispensável influência vintage que marca e define seus looks e atenua um pouco aquele ar de seriedade, dando uma vibe cool para ela. 

O guarda-roupa de Simmons é composto de peças bastante acessíveis e confortáveis, mas as diferentes maneiras como ela as combina é que são a grande sacada: blusas de gola Peter Pan (item fundamental), camisas com colarinho button down, blazers, suéteres, pullovers, cardigans, jeans skinny e sneakers. Vez ou outra, ela acrescenta uma gravata ao visual, dando um toque final de charme.


 
 

Embora já tenha aparecido com estampas florais e listras, Simmons é adepta mesmo das estampas polka dots, que ajudam a quebrar a monotonia, evitando que seus looks pequem pelo excesso de formalidade.





Quanto às cores: preto, branco, azul e cinza imperam em seu guarda-roupa. E ela adora contrastá-las.








O estilo adotado por Jemma Simmons faz dela uma nerd chique, super inteligente e feminina da equipe de agentes da S.H.I.E.L.D.

Ela não é adorável?
Para completar, a atriz que a interpreta, Elizabeth Henstridge, vive dando uma aula de elegância nos red carpets da vida. Diferentemente de sua personagem, ela é apenas chic, sem a parte geek. Mas é linda e cool de qualquer maneira. 


E ninguém veste amarelo melhor do que ela ;)



*Salut*

[Bibliovideoteca] Filmes, séries, livros e HQs conferidos - Abril (2015)

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FILMES VISTOS PELA PRIMEIRA VEZ:
Cinderella (Kenneth Branagh, 2015) ★★★
Mapas para as Estrelas (David Cronenberg, 2014) ★★★

REVISÕES:
Closer - Perto Demais (Mike Nichols, 2004) ★★★½
E Se Fosse Verdade (Mark Waters, 2005) ★★★½ 
Confiar (David Schwimmer, 2010) 
Os Vingadores (Joss Whedon, 2012) ★★★
Superman - O Retorno (Bryan Singer, 2006) ★★★

SÉRIES:
Demolidor (1ª temporada) ★★★½
Marvel's Agents of S.H.I.E.L.D (1ª temporada - revisão) ★★★½ 
Marvel's Agents of S.H.I.E.L.D (2ª temporada - retorno do hiatus/em andamento) ★★★½ 

LIVROS & HQs:
X-Men: Deus Ama, o Homem Mata (Chris Claremont, Brent Anderson) [Releitura] ★★★
SHIELD (2014) #1 (Mark Waid, Carlos Pacheco) ½

[A vida, o universo e tudo mais] Meu pequeno super-herói

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Se eu pudesse apagar todas as memórias, absolutamente todas, dos funerais que tive de comparecer nos últimos anos, eu as apagaria sem pensar duas vezes. Do meu pai, do meu padrinho, do meu sobrinho/afilhado, do meu cunhado... Contudo, deste último, tem apenas uma memória que eu gostaria de preservar. 

Mas antes de falar dela, gostaria de apresentar, para quem ainda não conhece, o Eloy:


Meu sobrinho, meu pequeno grande homem, meu pequeno super-herói. Na foto em questão, ele é o Peter Parker.

Voltando ao assunto: Durante o velório do meu cunhado, o pai do Eloy, muitas pessoas se aproximaram de meu sobrinho para lhe dar os pêsames. Parentes, amigos e outras pessoas próximas à minha família e à família de meu cunhado. Todas, pesarosas, com aquela compreensível expressão de pena estampada em seus rostos. As palavras ditas a ele eram quase sempre as mesmas: "Oh, Eloy... tadinho, tão pequeno e já perder o pai assim...". Meu sobrinho que, dentre tantas outras coisas, detesta que sintam pena dele, dava um sorriso ardiloso, de quem estava prestes a aprontar alguma, e então abria o zíper da jaqueta e revelava o que estava por baixo: a roupa do Batman. As pessoas, confusas, me perguntavam: "mas o que é isso?"e eu, fazendo esforço para conter o riso, explicava: "ele está mostrando que é o Batman". Elas riam, um tanto sem graça, e se afastavam. 

Até hoje me pergunto se elas compreenderam a mensagem que o Eloy estava passando como eu compreendi.


Possivelmente algumas dessas pessoas devem ter achado uma tremenda falta de respeito ele se vestir de Batman em pleno velório do pai. Mas a minha irmã é uma mãe legal que permite que o filho se expresse da forma como bem entende.

E tudo o que meu sobrinho queria expressar naquele momento é que ninguém deveria sentir pena dele. Ele era um super-herói. Ele era o Batman. Não havia motivos para ninguém sentir pena do Batman...

Na missa de sétimo dia do meu cunhado, ele se vestiu de Homem-Aranha. Dessa vez, o padrinho do Eloy fez uma observação: "sempre que eu te vejo você está vestido de super-herói" ao que o Eloy respondeu: "mas eu sou um super-herói".

Naquela triste fase, o Eloy precisava se sentir heroico. Por ele e pela mãe dele. E encontrou a força  necessária para superar um momento difícil nos seus ícones oriundos dos quadrinhos.

Eloy é órfão de pai. Assim como o Bruce Wayne, o Batman, cujo pai foi baleado na sua frente.

Há algumas semanas, meu sobrinho viu pela primeira vez a cena de Batman Begins em que Bruce presencia o assassinato de seus pais. 



Logo após, assistiu A Máscara do Fantasma, primeiro longa-metragem em animação de Batman. Neste, Bruce, em várias cenas, aparece sendo atormentado pelas lembranças daquela noite fatídica. O comentário que o Eloy fez a respeito desta que é uma das cenas mais trágicas da minha infância e adolescência nerd, me surpreendeu:

"O Bruce não consegue tirar o dia em que os pais dele foram assassinados da cabeça. Ele tem que superar isso. É difícil, mas ele tem que superar".


Ele fala por experiência própria. Meu sobrinho superou a perda do pai. O que não significa que ele não sinta sua falta. Sente todos os dias. Mas a dor passou, ficou apenas aquela saudade boa, a lacuna que jamais será preenchida devidamente. Contudo, ele já não sofre mais.


Eloy é órfão de pai como o Peter Parker é duas vezes. A primeira, quando perdeu os pais biológicos. A segunda, quando perdeu o pai de criação, a sua principal figura paterna, o Tio Ben. Uma cena que arranca lágrimas dos olhos do meu sobrinho (e minhas também) até hoje.

Ele é órfão de pai como o o Tony Stark (Homem de Ferro) e o Matt Murdock (Demolidor).

Talvez seja esse um dos motivos para o Eloy gostar tanto de super-heróis. Ele se identifica, se coloca no lugar deles, e percebe que, mesmo diante de traumas e tragédias, eles se reerguem ainda mais fortes, dispostos a superar os próprios conflitos e adversidades e usar suas habilidades para ajudar o próximo e fazer o bem para a humanidade. Sempre dispostos a mostrarem o melhor de si.

O Eloy faz isso.


Ele tem muito mais de Peter Parker, Bruce Wayne, Matt Murdock e Tony Stark do que de Homem-Aranha, Batman, Demolidor ou Homem de Ferro. Ele se identifica muito mais com os homens por trás das máscaras do que com os heróis encapuzados.

Não é à toa que ele é a razão do meu orgulho e o meu pequeno super-herói da vida real.



“Morto há quase 20 anos e continua me levando para a escola...
Obrigado, pai" (Homem de Ferro 2, 2010)

*Salut*

[TAG] Amo/Odeio

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Olá :) 

Primeira tag que respondo no blog então vamos ver se faço isso direitinho. A tag foi criada pelo blog Cherry Cookie e eu fui indicada pela queridíssima Thainá lá do No Mundo de Coraline. Eu sou muito perdida em relação a tags, de forma que não sei quem já respondeu ou não. Vou indicar alguns blogs para executar a tarefa, porém, se você já respondeu, desconsidere ;)




  • Dizer 10 coisas que ama e 10 coisas que odeia. 
  • Indicar 10 blogs para responder a tag. 
  • Usar o selo da tag (no caso, a imagem do coração acima) 
  • Colocar o blog que criou a tag e o que te indicou para respondê-la 

Nem comecei e já estou achando super divertido. Essa história de amo/odeio me lembra uma conversa das antigas que tive com alguns amigos dos tempos de ensino médio (isto é, séculos atrás) em que observamos que era muito óbvio e desnecessário as pessoas dizerem "odeio inveja", "odeio hipocrisia", já que ninguém vai dizer o contrário. Você consegue imaginar alguma pessoa dizendo "amo inveja e adoooro hipocrisia"? Ainda que ela pratique? Não, né? Mas vamos à tag: 

Amo: 
1. Meu sobrinho, minha família e meus amigos 
2. Escrever / Bloggar 
3. Editar vídeos (vinhetas, eventos e mesmo vídeos pessoais. Por incrível que pareça, ganho dinheiro extra com isso) 
4. Cinema / Séries 
5. Livros / HQs
6. Música
7. Viagens 
8. Nostalgia (especialmente anos 90 e 80) 
9. Senso de humor 
10. Chuva (especialmente dormir durante noites chuvosas) 

Odeio: 
1. Falsos moralistas 
2. Pessoas que não aceitam / respeitam opinião alheia 
3. Falta de bom senso / educação 
4. Traição 
5. Ingratidão / falta de reconhecimento 
6. Pessoas para quem a amizade vale muito pouco e cortam relações por motivos banais 
7. Cebola 
8. 50 Tons de Cinza 
9. Michael Bay 
10. Owen Wilson

 Sinto que fui bem objetiva. Indico os seguintes blogs:


Não sei se vocês já responderam ou se costumam responder a tags em seus respectivos blogs. Se sim para a primeira e não para a segunda, desconsiderem. Mas vou adorar ler os posts daqueles que responderem a tag ;)

*Salut*

[Vídeo] Obsessão por marcadores

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Como eu menciono no vídeo abaixo, coleções são tidas como uma forma bem aceita de obsessão. Obviamente, desde que se haja limites, constituem uma obsessão saudável. Pois bem, decidi apresentar parte de uma das minhas coleções aos que me acompanham no blog: meus marcadores de página.

[Café com páginas] Um clássico de X-Men e a primeira edição de SHIELD

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Deus Ama, o Homem Mata 
Fantástica história assinada por Chris Claremont e ilustrada por Brent Anderson que continua, infelizmente, muito atual. Deus Ama, O Homem Mata narra o conflito entre os X-Men e o intolerante William Stryker, um pastor fundamentalista que inicia uma cruzada religiosa com a finalidade de exterminar os mutantes da Terra, afirmando que estes querem corromper a humanidade. Por não serem mencionados na bíblia, Stryker acredita que mutantes não são criaturas de Deus. Qualquer semelhança com pastores homofóbicos que ouvimos falar por aí, não se trata de mera coincidência. Para cumprir seu objetivo Stryker utiliza os poderes do telepata Charles Xavier, o que ocasiona um embate ideológico com os X-Men. A história já começa com uma cena impactante devido à violência gráfica representada, mostrando o assassinato de crianças mutantes em uma escola por um grupo de extermínio denominado Purificadores, seguidores de Stryker. Embora dissonante dos ideais pacifistas de Xavier, Magneto, revoltado com a execução das crianças mutantes, se une aos X-Men. É a primeira vez que o maior inimigo da equipe trabalha ao lado dos heróis. Com a ajuda dos métodos sádicos de Magneto utilizados nos Purificadores capturados pelos X-Men e mantidos prisioneiros no Instituto Xavier, eles conseguem respostas acerca de Stryker e de sua operação de caça e extermínio de mutantes. Enquanto isso, o professor Xavier (sequestrado após o debate televisionado que teve com Stryker) é submetido a uma lavagem cerebral, tendo Ciclope e Tempestade vinculados psiquicamente a ele durante o processo, de modo que o pastor possa utilizar os poderes de Xavier para seu próprio benefício como instrumento de erradicação dos mutantes. Deus Ama, O Homem Mata foi lançada em formato de graphic novel originalmente em 1982, inspirada nos álbuns europeus, com um material de qualidade superior ao das HQs americanas tradicionais. Diferentemente dos inúmeros arcos narrativos que permeavam o universo de X-Men, esta se tratava de uma história fechada, sem sequências ou precedentes (embora a luta contra o preconceito seja o principal mote desta história e perdure até os títulos atuais) e apresentava uma breve introdução dos personagens no começo da trama para situar os leitores. Ainda que o texto de Claremont soe redundante em diversas passagens (algo característico dele), esta é seguramente uma das melhores histórias dos X-Men e a que mais deixa clara a intolerância de que os mutantes são vítimas, que é a espinha dorsal da criação de Stan Lee desde sua origem nos anos 1960. Essencialmente a narrativa versa a respeito do fundamentalismo religioso, o poder de influência dos meios de comunicação, a opressão e preconceito contra as minorias.  Vale lembrar que a premissa desta história serviu de base para o roteiro de um dos melhores filmes estrelados pelos mutantes: X-Men 2 de 2003. 

SHIELD #1 
Baseado na série de televisão produzida pela ABC, o título SHIELD se concentra nas aventuras vividas pelos agentes da divisão liderada por Phil Coulson, que é mostrado na revista como um fanboy de super-heróis da Marvel desde a infância, não muito diferente de sua origem nos filmes, vale ressaltar. Já na SHIELD, é incumbido da tarefa de recrutar um time de elite, composto por agentes brilhantes, incluindo humanos e super-humanos. Neste primeiro número, a equipe se vê as voltas com um exército de demônios. Com o mundo sob ataque, os heróis da Marvel em peso se unem para tentar evitar a destruição e cabe a Coulson e seus agentes desvendarem a procedência disso (que acaba por envolver o guardião da ponte Bifrost, Heimdall, e uma estranha rocha). Os méritos da revista são o fato de a equipe de Coulson trabalhar diretamente com os Vingadores e os roteiristas poderem citar X-Men, já que por questão de direitos autorais (a rixa entre Fox e Marvel Studios), os mutantes não podem sequer ser mencionados nas produções cinematográficas e televisivas da Marvel. Do time original da série de TV, além de Coulson, apenas May, Fitz e Simmons aparecem no título em quadrinhos. Fitz tem até algum protagonismo na história, especialmente nas tiras finais que são bem bacanas - envolvendo o personagem e seu macaquinho de estimação. Sim, ele finalmente realizou seu sonho. Mas a revista em si é bastante genérica e deixa a desejar em termos de narrativa, especialmente no tocante à introdução dos personagens. A trama é rápida, sem muita relevância, pecando no desenvolvimento do plot. A arte também vacila, com um traço pouco autoral e até rudimentar em certos pontos. Espero que, assim como a série que começou procedural e burocrática, a revista também evolua e venha a apresentar tramas mais interessantes. Mais do que capitalizar em cima de uma série que está se tornando cada vez melhor, que represente um santo remédio para a abstinência dos espectadores do seriado durante o hiatus.

[A vida, o universo e tudo mais] Desconstruindo Mitos

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Minha intenção, originalmente, era postar um conto sobre extraterrestres no blog. Infelizmente, não consegui terminá-lo a tempo. Na verdade, falta apenas o título. Nunca pensei que fosse tão difícil encontrar um título para um conto sobre alienígenas… Enfim, a questão é que ele não foi finalizado, portanto, ao invés do conto, decidi publicar um artigo sobre o município em que moro desde que nasci: Piraquara. Este artigo foi escrito há mais ou mesmo três anos, em 2012, durante a minha pós-graduação. Tive a ideia de postá-lo no Sonhos após a palestra de boas-vindas aos novos funcionários da Prefeitura de Piraquara (incluindo esta que vos fala), na qual o prefeito destacou o fato de o município ter crescido em meio a preconceitos por conta do Hospital de Dermatologia Sanitária do Paraná (antigo Leprosário São Roque) e o complexo penal. Pedindo licença para transcrever suas palavras: "O aeroporto de São José dos Pinhais é de Curitiba. O autódromo de Pinhais é de Curitiba. O presídio de Piraquara é de Piraquara". O fato é que isso me fez relembrar do texto que escrevi em 2012 e decidi resgatá-lo do meu HD externo. Não que alguém se importe realmente com tudo o que foi dito até agora, mas vamos ao post:


Êêê! Bem-vindo a Piraquara, um município altamente violento.
Não garanto que você sairá vivo daqui...
Cerca de quarenta e cinco minutos de viagem do Berço das águas, ou Capital das águas, até o centro da capital paranaense. Estas são expressões utilizadas para denominar Piraquara. Contudo, para os moradores, o município é mais comumente chamado de cidade-dormitório.

O fato de ser conhecida como berço das águas diz respeito a um elemento do imaginário popular. O mesmo quando nos referimos a ela como cidade-dormitório, pois é uma imagem de fácil associação quando é público e notório que uma grande fatia dos moradores trabalha no centro de Curitiba, ou em outros municípios vizinhos que compõem a Região Metropolitana. Mas isso não é o pior. Piraquara também é vista por muitos como uma cidade extremamente violenta por abrigar o famoso presídio e ser manchete de jornais apenas quando algum grave crime ocorre no município.

Getúlio Vargas: Avenida Principal
A despeito do que diz grande parte das pessoas que não mora em Piraquara, a cidade não é apenas constituída de hansenianos, gentilmente chamado de leprosos pelos forasteiros; ou de ladrões e assassinos que, volta e meia, conseguem escapar do presídio de Piraquara e assaltar ou sequestrar os pobres, porém, corajosos moradores que insistem em residir em um município tão violento.

Tudo isso é perfeitamente compreensível. É interessante, portanto, refletir acerca desses diferentes estigmas e, sob outro ponto de vista, despir Piraquara desses estereótipos. Analisá-la de um novo ângulo.


Estação Ferroviária de Piraquara
Esses mitos mencionados acima povoam o imaginário daqueles que apenas ouvem falar de Piraquara há muitos anos, mas nunca, de fato, o conheceram. Não foi uma, nem duas, nem três vezes que ouvi da boca de um cidadão que nunca visitou o município onde moro uma pergunta curiosa: “Como assim você mora no presídio?”. Apesar de altamente conhecido por sediar o famoso presídio, eu realmente nem sei qual é a sua exata localização. Nunca nem passei por perto.

O que dizem a respeito de Piraquara por aí, parou de incomodar os moradores há muito tempo. Para falar a verdade nunca foi incômodo. Os piraquarenses não são bairristas, não defendem seu município com unhas e dentes. Não há um orgulho piraquarense. Eles acham graça, se divertem, riem da fama que Piraquara leva na capital. É impossível não rir.

Restaurante Obra Prima. Bonitinho, né? Mas caríssimo... Na dúvida, comam
no Estação da Pizza mesmo ;)
Não há enormes prédios residenciais ou comerciais. Ainda se ouve o som das aves e o verde se faz presente, muito presente, mesmo quando atravessamos o centro. Quando alguém vem de fora e se depara com toda essa tranquilidade, se espanta e pergunta intimamente por onde andam os marginais e os perigosos becos que contornaram em suas imaginações.

Há pouco movimento, embora o tráfego de veículos venha aumentando consideravelmente nos últimos anos. Há pouca sinalização, embora tenha tantas lombadas que meu pai lhe apelidou de Capital das Lombadas. Não obstante todas as outras, esta poderia ser mais uma expressão para designar o município. Afinal, ela não é nem um pouco equivocada.

Barragem do Cayuguava
Há pouco emprego. Não é à toa que a cidade é chamada por tantos e tantos moradores de cidade-dormitório. O município em que as pessoas voltam apenas para dormir no aconchego de seus lares depois de longas jornadas de estudo ou trabalho na capital paranaense. E assim sobra pouco tempo para curti-la, contemplá-la, cultuá-la, cultivá-la... Aliás, o que curtir em Piraquara? Nem os piraquarenses sabem dar essa resposta, pois quando querem curtir, enfrentam uma viagem com a qual todos já estão acostumados. Uma viagem de 45 minutos até o centro de Curitiba. 

O município tem o essencial para cobrir as necessidades mais básicas da população. Dá pra se virar bem no que concerne à moradia, alimentação, saúde e educação. Mas não apresenta nem medianas opções de lazer. De modo que quem procura por isso, deve se deslocar para Curitiba, obviamente.


Avenida São Roque, onde fica localizado o Hospital de Dermatologia
Sanitária do Paraná
E apesar da imagem que os noticiários insistem em passar de Piraquara, dando destaque ao município apenas quando é pra falar de violência (ora, a violência, infelizmente, existe em todo lugar), Piraquara é até bastante segura. Há pouco barulho. Experimente dormir em Piraquara, sem o constante barulho de buzinas, de gritos no meio da noite, dos ruídos típicos de qualquer outra capital. Garanto que será um sono tranquilo, como há muito as pessoas não experimentam. É tão contrastante. Enquanto em veículos sensacionalistas vemos Piraquara ser vendida como uma região altamente violenta, quem mora aqui reclama de ser tão tranquila, pacata, calma, sem agitos, muito pouco movimentado.

Ofuscada pelo constante crescimento de Pinhais, o município vizinho, Piraquara parece uma cidade esquecida, abandonada. Um município com o qual ninguém se preocupa muito em tentar torná-lo um exemplo da Região Metropolitana de Curitiba. Obras que não saem do papel, projetos que morrem na intenção. Atrasada em comparação a tantos outros municípios. Uma cidadezinha que não vai pra frente. E os moradores até parecem preferir essa tranquilidade, ainda mais aqueles, que não são poucos, utilizam Piraquara apenas para dormir.

*Salut*

[Bibliovideoteca] Filmes, séries, livros e HQs conferidos - Maio (2015)

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FILMES: 
Vingadores: Era de Ultron (Joss Whedon, 2015) ★★★★
Kingsman: Serviço Secreto (Matthew Vaughn, 2015) ★★★★½
Mad Max: Estrada da Fúria (George Miller, 2015) ★★★★
Cinquenta Tons de Cinza (Sam Taylor-Johnson, 2015) ★
De Volta Para o Futuro 2 (Robert Zemeckis, 1989) - Revisão★★★★
Dark City: Cidade das Sombras (Alex Proyas, 1998) - Revisão★★★½

SÉRIES: 
Gotham (1ª temporada - season finale) ★★½
Marvel's Agents of S.H.I.E.L.D. (2ª temporada - season finale) ★★★★
The Big Bang Theory (8ª temporada - season finale) ★★★
Game of Thrones (5ª temporada - em andamento) ★★★
Amorteamo (temporada única - em andamento) ★★★

LIVROS & HQs: 
Fangirl (Rainbow Rowell) ★★
SHIELD (2014) #2 (Mark Waid, Humberto Ramos,Victor Olazaba, Edgar Delgado) ★★½

[Meus escritos] Cartão de Visitas (ou Crônica de uma Visita Não Anunciada)

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"Os roteiristas de Arquivo X estavam mesmo certos. A verdade está lá fora..."

Para ouvir lendo: "Side" by Travis




Por mais clichê que isso possa soar, se tratava mesmo de um belo dia, realmente bonito e ensolarado, quando os extraterrestres resolveram invadir a Terra. Eu acordei, olhei pela janela e lá estavam eles. Se achando os donos do pedaço. Como se tivessem todo o direito de estacionar em nosso território e fazer um passeio turístico por estas bandas.
Eu esperava que eles fossem apenas turistas.
A ideia de eles ficarem,conviverem conosco e, posteriormente, nos controlarem, era assustadora (uma vez que é sabido que eles possuem inteligência superior e até mesmo dons especiais. Pelo menos foi o que os filmes de Steven Spielberg me ensinaram. E eu confio plenamente em Spielberg. O cara é um Deus do cinema. Ele é para o cinema o que Beethoven é para a música. Desculpem-me por minhas referências simplistas, mas eu não sou conhecido por ter um amplo repertório... bem, deixem-me continuar com meu relato antes que eu perca o fio da meada).

Assim que as famílias sem graça e sem sal dessa vizinhança morna, pacata, tranquila, enfadonha e chata demais, se deram conta das naves espaciais aterrissadas nos quintais de suas propriedades, trancaram todas as portas e janelas. Alguns passaram a espiar por entre as frestas das cortinas, outros correram para se esconder debaixo de suas camas e mesas.
Ridículo.
Está certo que nosso conhecimento acerca de extraterrestres é baseado apenas no que vimos no cinema americano. Mas não é possível que exista no universo um povo tão ou mais atrasado do que nós. Não, Deus não seria assim tão sacana. Se é que ele existe realmente...
Eles possuíam naves. O que quer dizer que Hollywood e os livros sci-fi não estavam de todo errados. E tinham a nossa forma. Eram muito parecidos conosco. Certamente eram transmorfos. Apenas vieram com forma humana para não nos assustar. Eles possuíam aparelhos que irradiavam luzes vermelhas e verdes e os usavam para inspecionar a grama (!). 

Certamente portas e fechaduras não representavam nenhum desafio ou obstáculo para eles.
O fato é que ninguém saiu para socializar. Todos estavam com medo. O que é compreensível, afinal a gente passa a vida inteira crendo que seres extraterrestres não existem. Tratam-se de pura ficção. E, de repente, eles estacionam seus enormes veículos - que não parecem depender de álcool ou gasolina para o seu funcionamento - em nossa grama, em cima das nossas rosas, lírios e margaridas. Em um dia de sol aparentemente comum.
Uma tempestade de naves espaciais. Óbvio que gerou pânico. Tememos o desconhecido e blábláblá. E simplesmente não parecia ser verdade que seres de outro mundo estivessem aportando na Terra. Sua existência nunca fora cientificamente comprovada. Como poderíamos lidar com este fato? Algo que pegou a todos com a guarda baixa, totalmente desprevenidos?
Agora eles estavam diante dos nossos olhos, chegando sem aviso prévio. Meses depois do dia em que o mundo deveria ter acabado.
E mesmo os pseudo-ufólogos, entusiastas da área e fãs de Arquivo X estavam paralisados de medo, trancados em suas casas.
Bando de farsantes.Passaram anos orgulhosamente clamando que acreditavam em algo e quando esse algo, que ninguém mais acreditava além deles, se mostra muito real, correm feito cãezinhos assustados para dentro de suas casas. Porque uma coisa é dizer que acredita em alienígenas e posar de louco na frente de todos somente para dar uma de indivíduo cool.Outra bem diferente é o diacho acontecer.Quiseram tanto se mostrar crédulos para provocar os céticos,mas esqueceram de ensaiar suas reações para quando os ETs finalmente chegassem aqui... Então, a vinda de extraterrestres se tornou um fato e eles não tiveram coragem de fazer algum contato. Decerto porque também não acreditavam que, um dia, isso fosse acontecer realmente...
Eu só queria saber a que horas eles iriam embora em suas naves espaciais. Esperava que não demorasse muito. Eu queria sair de casa, mas não seria o primeiro a me arriscar. Vai que aquela coisa que eles estavam usando para inspecionar a grama (!) fosse apontada em minha direção, assim que eu ousasse abrir a porta, e fritasse meu cérebro? Não. Que fosse outro o audacioso felizardo a ter o cérebro frito apenas por sair de casa. Não estava certo de que eles vieram para nos aniquilar - começar uma lenta extinção de nossa espécie e assim colonizar a Terra - mas nunca se sabe. Então apenas pedi a um Deus que eu não acredito para que eles fossem embora de uma vez, que não voltassem e a gente fingisse que nada daquilo aconteceu. Foi a nossa imaginação nos pregando uma peça (a imaginação de quase quatro mil habitantes trabalhando conjuntamente, mas tudo bem). De qualquer forma, as coisas voltariam à uma aparente normalidade assim que eles se fossem.
Que vão embora logo, eu pensava, eu preciso muito comprar cigarros.
* * *
- Seus vermes! Malditos! Colonizadores! Ladrões de planeta! Boiolas!
Era o velho hidrófobo Eldorado Abreu. Mais conhecido pelas crianças do bairro como Esclerosado Abreu. Estava no auge dos seus 87 anos e passava o dia dirigindo imprecações a quem quer que fosse. Eu era muito grato a ele. Salvou a minha vida várias vezes. O Abreu vinha funcionando como meu despertador há anos. Todos os dias, pontualmente às seis e meia da manhã, me despertava com seus gritos.
- Seus vermes! Malditos! Mordedores! Insetos! Invasores de calças! Boiolas!
Era ele brigando com as formigas do seu jardim.
- Seus vermes! Malditos! Sarnentos! Peludos! Pulguentos! Boiolas!
Era o velho Abreu brigando com os cachorros da rua.
- Seus vermes! Malditos! Malcriados! Vagabundos! Analfabetos! Boiolas!
Era o velho brigando com os meninos que, no caminho para a escola, sempre passavam em frente à casa do Abreu para tirar uma com a cara dele. Inclusive perguntando por que seu nome era composto de dois sobrenomes. Após os insultos, eles seguiam em frente, rindo e mandando beijinhos para o velho, de modo a corroborarem o “boiola” que ele gritava incessantemente.
Se não fosse o Eldorado Abreu gritando todas as manhãs, eu acordaria sempre atrasado para o trabalho.
Devia muito a ele, portanto decidi arriscar minha vida para salvá-lo dos ladrões de planeta.
Atravessei o gramado com passos relutantes e receosos e me aproximei.
Os olhos dos extraterrenos se desviaram do velho Abreu, detendo-se em mim.
Eles não haviam feito nada contra ele. Embora vociferasse, esperneasse, sacudisse os braços, cerrasse os punhos diante dos invasores, eles apenas o fitavam. Alguns de maneira inexpressiva, outros com curiosidade.
Eu dei uma risadinha amarela e sem graça.
- Há! Velho Abreu, o que está fazendo aqui fora? Você deveria estar cuidando do seu jardim para que as formigas não o destruam, lembra?
- Formigas? Vermes, Malditos! Mordedores! Insetos! Invasores de calças! Boiolas!
E saiu, rumando para o seu jardim, a fim de combater as formigas.
E eu fiquei ali, com aqueles estrangeiros me encarando solenemente.
- Desculpem o velho Abreu. Ele já não bate bem das ideias, anda sempre com raiva...
- Estamos decepcionados.
- Ah, sim, mas o Abreu não quis... Estão o quê?
- Decepcionados. Lá em cima nos disseram que os terráqueos eram calorosos, hospitaleiros, amistosos... Nos recepcionariam bem e até ofereceriam xícaras de café. Especialmente os brasilenhos. Mas não. Correram para dentro de casa, se esconderam, ficaram nos espiando pela janela com uma expressão muito feia em que se arregala os olhos, e justo um idoso, que nos disseram ser a mais cortês e respeitosa das criaturas terráqueas, nos ofendeu. E depois de todo o trabalho que tivemos para aprender seu idioma medíocre e a copiar as suas formas bizarras.
- Olha aqui! – eu comecei a dizer com o dedo em riste. Sei lá o que me deu. Eu sequer sabia com o que estava me metendo – Primeiramente, vocês têm muita sorte de não levarem uma bala perdida no traseiro ou no meio das fuças. Ou do velho Abreu não ter mais a espingarda dele porque eu a escondi.
Se o velho soubesse desse fato, diria: “Seu verme, maldito, ladrão de espingarda, boiola”.
- Em segundo lugar, não somos brasilenhos. Somos brasileiros.
- Tanto faz.
- O que acharia se eu os chamasse de marcianos?
- Não somos de Marte. Embora gostemos de lá.
- Então... bem, é isso! E outra: Vocês invadem nosso planeta e querem que a gente aja como se um velho amigo que não vemos há mais de vinte anos reaparecesse e os convidemos para um café? Isso é mais bizarro do que as nossas formas. E essa expressão “feia” a qual você se refere, é medo.
-Medo?
- Sim!
- O que é medo?
Eu fiquei confuso por um segundo, não sabia como explicar.
- Sabe? Apreensão diante do desconhecido...
- Apreensão?
- Sim, nós ficamos aterrorizados... Sempre fomos assombrados pela ideia de extraterrestres invadirem nosso planeta.
- Hum... acho que posso compreender. Não sabíamos que vocês não lidavam bem com visitas de extraterrenos. Pelo que levantamos do histórico dos terráqueos, eles sempre gostaram muito de seres de outros planetas. Alguns se tornaram músicos, outros médicos e cientistas por aqui.
Minha cara era um ponto de interrogação tamanho família.
- Talvez eles nunca tenham revelado suas verdadeiras naturezas... Bem, terráqueo, é muito comum fazemos visitas a outros planetas. Estamos acostumados também a receber estrangeiros no nosso. Então, mil perdões se não é um hábito de vocês.
- É... tá? Estão... Perdoados?
- Obrigado, Terráqueo. Agora, espero que isso não venha a causar problemas futuramente, pois pretendemos ficar.
- Oi?
O extraterrestre deu um largo sorriso.
- Olá, terráqueo! Agora apertamos as mãos um do outro, certo?
E ele agarrou minha mão e apertou. Era quente, não gelada como imaginei.
- O que está fazendo?
- Você disse “oi”. Achei que estávamos recomeçando a conversa do modo como deveria ser.
- Não... é que... eu ouvi direito? Vocês pretendem ficar?
- Sim. Quisemos nos mudar. Gostamos das condições daqui, do clima... Queremos conhecer mais a respeito dos cães e gatos que lideram vocês.
- Eu me perdi aqui... cães e gatos? – eu era a confusão em pessoa.
- Exatamente! Não há mais como viver em nosso antigo planeta. Entramos em conflito com nossos líderes, pois eles são a favor da aleatoriedade. Nós, da exatidão. E vocês, da Terra, parecem gostar muito da exatidão, mesmo que ela seja um ideal utópico. Como rebeldes, nós apoiamos a utopia!
A minha cara de quem não estava entendendo lhufas deve tê-lo comovido. Só isso explica a ideia maluca que teve repentinamente.
- Err... bem! Ele vai lhe explicar tudo – disse apontando para um de seu bando, de aspecto jovem e tímido – ele é um recém-nascido. Nasceu há apenas duas semanas. Creio que está mais de acordo com sua capacidade intelectual, então vocês poderão se comunicar sem problemas e se entender.
Me senti ofendido e consternado.
- Obrigado pela parte que me toca.
- Não estou lhe tocando.
- É modo de dizer. Mas olha, por que se mudarem justo para a Terra? Não tinha outro planeta, não?
- Planeta-anão? Ah, seria desconfortável para nós.
- Eu disse Planeta vírgula não.
- Não conheço o Vírgulanão. De qualquer modo, não nos mudamos para nenhum dos outros planetas que conhecemos e visitamos porque estão inchados. Superpopulosos.
- Olha, também estamos enfrentando problemas de superpopulação por aqui.
- Está brincando! A Terra tem apenas sete bilhões de habitantes.
Da maneira como ele falou, pareceu pouco mesmo. Imaginei que os outros deveriam ter o triplo disso, no mínimo. Então não quis mais discutir. Tudo é relativo, afinal.
- E queremos um planeta mais “exato”. Sei que você ainda não entendeu, então converse com nosso camarada. Leve-o para sua casa para tomar o tal café enquanto terminamos nosso trabalho por aqui. Estamos inspecionando o ambiente para poder montar nosso acampamento.
Então percebi que enquanto eu dialogava com o metido a sabichão, os outros estavam inspecionando a grama com aquele aparelho engraçado. Dei uma boa olhada no “camarada” que iria tomar café comigo.
- Para quem nasceu há duas semanas, ele parece ter quase a sua idade. Uma pena vocês não passarem pelo estágio adorável do berço.
- ?
- Bebês...
- Ah, sim, aquelas criaturinhas pequeninas e tolas que vocês, terráqueos, são quando nascem. Não precisamos. Só as raças menos desenvolvidas e inteligentes passam por esse estágio horrendo, pois necessitam de anos de crescimento físico e intelectual para se adaptarem e aprimorarem. Agora vão.
- Sujeitinho arrogante – murmurei antes de pegar o camarada pelo braço e levá-lo para minha casa para tomar café e obter algumas explicações.

[continua...]
* * *
Salut

[Guilty Pleasures] Ships: melhores fanvideos

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Aposto que você também já shippou. Que você já torceu com afinco para algum casal de filme, série, livro, HQ ou telenovela.

Bem, hoje é Dia dos Namorados, portanto, não poderia ter uma data mais apropriada para um post sobre ships de séries.

Shipé a forma pela qual os fãs se referem aos casais da cultura pop. O termo vem de relationship (relacionamento) e surgiu em meados da década de 1990 com o Ship X, designação criada pelos fãs que viam uma ligação afetiva entre Dana Scully e Fox Mulder, a brilhante dupla/casal da série Arquivo X. Enquanto alguns espectadores se preocupavam apenas com os seres estranhos que apareciam na calada da noite e davam dor de cabeça a Mulder e Scully, outros estavam mais interessados no romance entre a dupla e em quando eles iriam finalmente ficar juntos para a alegria das shippers de plantão.

Shippers, por sua vez, tratam-se das pessoas que torcem por um casal.

Há quem diga que se você não shippou Mulder&Scully, nem mesmo pode se considerar um shipper legítimo. Exageros à parte, é fato incontestável que eles foram os pioneiros. Houve outros casais de seriados que arrebataram o público antes deles, é verdade (Capitão Kirk e Spock que o digam... ainda que nem se tratasse realmente de um casal, mas ok). Entretanto, foi com o ship X que surgiu a rivalidade nos fóruns (entre shippers e noromos, que compreendem aqueles que são contra a ideia de um casal); a interação entre as shippers (incluindo os encontros de fãs, virtuais e físicos/reais); as diversas fanfics explorando o relacionamento entre os personagens; e, obviamente, o termo em si.

Mas como nem tudo é fluffy nos fandoms da vida, existe também as ship wars: quando o grupo de fãs de um determinado casal entra em conflito com outro que torce por um casal rival da mesma obra. No fandom de Lost, a principal shipper war se dava entre as Jaters (Jack e Kate) e as Skaters (Sawyer e Kate). No fim das contas, as Jaters levaram a melhor. No fandom de House a briga era entre as Huddy (House e Cuddy) e as Hameron (House e Cameron), só para citar alguns exemplos.

Confesso que já fui mais shipper. Atualmente, em muitos casos, acho que os casais acabam prejudicando as tramas dos seriados. Talvez não exatamente os ships em si que prejudiquem, mas as shippers. O pessoal que torce e morre pelo casal, que adoram se envolver nas famigeradas ship wars. Isso me desanima um pouco a acompanhar certas produções (os roteiristas, de olho na audiência que o casal gera, acabam dando ênfase demais ao romance em detrimento de outros aspectos da narrativa); ou mesmo a participar dos grupos de discussão no facebook. Isto é, tem tantas séries incríveis que contam com mitologias extremamente envolventes... Porém, as pessoas se prendem apenas aos casais.

É frustrante reduzir uma série a um ship.

De qualquer modo, eu ainda tenho meus casais favoritos e separei os melhores fanvideos em tributo a eles para comemorar o Dia dos Namorados:

Ship X: Fox Mulder & Dana Scully (Arquivo X)

Não há muito que eu possa falar deles que já não tenha dito na introdução deste post. Eles são simplesmente o melhor casal da história dos seriados e este é o melhor fanvideo feito em homenagem aos dois. Além de a música ser linda, é um digno resumo da história do ship X. Sim, são nove minutos, mas vale a pena!


FitzSimmons: Leopold Fitz & Jemma Simmons (Agents of S.H.I.E.L.D.)

Ainda não são realmente um casal. Ainda são os melhores amigos. Ainda não rolou o jantar. E será que vai mesmo rolar? Houve convite para um encontro, mas o final da segunda temporada (aquele cliffhanger!) indica que os shippers (inclusive eu!) terão de esperar mais um pouco para ver FitzSimmons finalmente se tornar fato. A música do primeiro vídeo parece feita sob medida para o ship. Já o segundo é o vídeo mais lindo existente em tributo aos personagens. A escolha da canção e a seleção de imagens não poderiam ser mais perfeitas.


Jaime & Brienne (Game of Thrones)

Confesso não saber se existe um nome para esse ship. Confesso também que fiquei com preguiça de entrar no tumblr para procurar. Enfim, um vídeo que reúne alguns dos melhores momentos de Jaime Lannister, o regicida, e Brienne de Tarth, a hábil e leal guerreira.


Tenth Doctor & Rose Tyler (Doctor Who)

Não adianta discutir. David Tennant com seu Tenth foi o melhor Doctor contemporâneo. E Rose Tyler, a melhor companion. E ambos tinham uma química imbatível. Melhor ship de Doctor Who! Abaixo um fanvid fofo com uma música fofa.


Simon & Alisha (Misfits)

Ah, esses atores de séries britânicas com contrato para apenas duas ou três temporadas. Sempre resulta no fim prematuro, na morte trágica de personagens queridos... Foi o que aconteceu com Simon e Alisha de Misfits. Incontestavelmente o melhor casal da série, com uma história de amor em looping eterno. Há vários fanvids bem legais do ship, mas este é um dos meus favoritos.


Renly & Loras (Game of Thrones)

A regra básica para todos aqueles que ousam se aventurar por Game of Thronesé não se apegar aos personagens. Mas como seguir essa regra quando os personagens são tão cativantes? Assim como Loras Tyrell, ainda não consegui superar Renly Baratheon... Ah, como faz falta! Eis um vídeo reunindo algumas das melhores cenas dos dois personagens juntos. Essa troca de olhares entre eles...


*Salut*

[Café com páginas] Uma fangirl sem criatividade

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Fangirl 


Como uma entusiasta do universo das fanfics - até mesmo meu trabalho de conclusão de curso da faculdade abordou esse tema - e tudo que diz respeito ao conceito de cultura do fã, fui com altas expectativas ler Fangirl da escritora Rainbow Rowell. No entanto, não apenas me decepcionei, como esta pode ser considerada a minha segunda pior leitura de 2015, perdendo o posto de campeã somente para A Caça de Andrew Fukuda. Poucas vezes a sentença contendo o neologismo internético "queria desler" fez tanto sentido. A premissa é interessante, mas o desenvolvimento é fraquíssimo. O livro narra a história de Cath, uma garota que leva a vida de fã muito a sério. Ela é completamente aficionada por Simon Snow (uma série de livros fictícia) e seu mundo, praticamente, gira em torno disso. Ela tem pôsteres por todo o quarto, já leu e releu os livros, possui camisetas da série e também escreve fanfictions slash de Simon Snow. Cath tem uma irmã gêmea, Wren, que, assim como ela, também já foi muito fã de Snow. Mas chegou uma hora em que Wren decidiu simplesmente deixar o fandom para trás e viver mais sua própria vida. A história tem início quando as duas estão ingressando na faculdade e Cath vai escolher entre fazer amizades e viver novas experiências, ou ficar trancada no quarto do dormitório escrevendo fanfic. Fangirlé bobo, pueril, com uma narrativa tão ingênua que incomoda a cada novo parágrafo. A protagonista é irritante e desprovida de qualquer carisma. Espero que as pessoas que, por ventura, venham a ler este livro, não pensem que toda escritora de fanfics é tão antissocial e chata quanto a personagem central de Fangirl. E alguém pode me responder se Simon Snow era pra ser uma sátira de Harry Potter? Se era, ótimo. Agora, se não era... transformou-se em uma paródia involuntária. Todas as passagens que apresentam trechos de Simon Snow ou são constrangedoras, ou simplesmente massantes. Me deu vontade de pular essas páginas diversas vezes. Sem falar dos títulos dos livros fictícios de Snow. Falta imaginação, energia criativa, aquela centelha de inventividade. Rainbow Rowell não sabe dialogar com seu público; não sabe retratar a geração das redes sociais, aplicativos e hashtags sem parecer forçada e superficial. A execução da ideia carecia de uma autora que soubesse representar melhor este universo tão divertido da fanculture. Há alguns poucos quotes muito bons. Mas creio que é o único mérito que posso apontar deste desastre literário. Uma pena. Minhas sinceras desculpas a quem curtiu o livro, porém eu o achei fraco, raso, esquálido e desprovido de imaginação e criatividade. Leitura sofrível.

[Fashionismo nerd] Sobretudo na cultura pop

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Vem chegando o verão, o calor no coração…

Mentira! É hora de tirar esse clássico da Marina Lima da playlist, porque o inverno está aí. Agora é momento de repetir o lema da Casa Stark de Game of Thrones: "The winter is coming". O que é outra flagrante mentira, visto que o inverno começou há dias...

Bem, por estas bandas não faz muita diferença, já que em Curitiba são 360 dias de inverno rigoroso e nos cinco que restam vivemos uma combinação de todas as estações, de modo que somos obrigados a usar todo o nosso guarda-roupa (dentre trajes de calor e frio) na mesma semana. Quando é ano bissexto, no 366º dia faz sol, mas chove pela tarde. 

Exageros à parte, o fato é que chegou a hora de tirar o tradicional sobretudo de dentro do guarda-roupas. Amo sobretudos. Tenho um de couro que é o meu xodó. Provavelmente a peça que eu mais uso e sem a qual eu não vivo:




E tenho este também. Esta lindeza que faz parte de meu vestuário desde 2006 e que tirei há dois dias do cabide depois de tempos sem usá-lo:



Ainda estava dentro do plástico com o qual ele voltou da lavanderia... 

Essa obsessão por sobretudos, especialmente de cores escuras, data de muitos anos. Desde que eu os vi em Arquivo X. Os agentes Mulder e Scully (olha eles sendo citados no blog novamente!) ficavam um charme de overcoats:


É bem verdade que esse estilo "quero ser cool" - por que diabos usar óculos escuros o tempo todo, mesmo em ambientes escuros e fechados? - de Matrix me incomodava bastante. Mas é imperativo falar da obra seminal dos irmãos Wachowski quando o assunto é overcoats na cultura pop. Os personagens de Matrix usavam sobretudos mais leves, um tanto quanto esvoaçantes e super estilosos por cima de seus modernos e bem característicos macacões de vinil. Com influências que vão do gótico ao cyberpunk com uma pitada de new wave, o figurino da trilogia se tornou marcante e até hoje é altamente copiado pelos nerds e geeks, seja em eventos de cosplay ou nas festas à fantasia do bairro.



Os uniformes de couro pretos foram a alternativa que Bryan Singer encontrou a fim de que seus X-Men não soassem bizarros na telona como ele pensou que soariam se trajassem figurinos inspirados nos looks dos quadrinhos. Contudo, isso apenas denunciou certa falta de imaginação do cineasta no que concerne ao visual. Singer não quis arriscar muito e optou pela sobriedade e discrição. Pouco inspirado - esteticamente falando - mas compreensível quando se leva em conta que filmes baseados em HQs vinham sofrendo com visuais bregas (durante os anos 80 e 90) e se tratavam, na época, de um terreno que precisava ser explorado com cuidado. Vale lembrar que o primeiro filme dos X-Men, lançado em 2000, revitalizou o interesse de Hollywood em transportar os heróis de quadrinhos para o cinema, além de ser considerado o principal responsável por tornar as adaptações de HQs para as telas um subgênero cinematográfico. Isto é, Singer, para não errar a mão, tomou a decisão mais segura. Embora não necessariamente original ou notável, até que os uniformes ficavam bem charmosos quando combinados com sobretudos.


Não é mesmo, Ciclope?



Não tem como falar dessa peça e não citar os icônicos Sherlock e Doctor Who. Ambos produzidos pela BBC e levando a assinatura de Steven Moffat


Sherlock em seu sobretudo distinto e elegante

O longo marron do Tenth Doctor, sonho de consumo de onze entre dez geeks

Nos quadrinhos do belga Hergé, o admirável e destemido repórter Tintin estava sempre acompanhado de seu cachorro Milu e também de seu tradicional sobretudo (que alguns juram que é amarelo... really?) que lhe dava um ar de seriedade, profissionalismo e também de desafio, no melhor estilo agente secreto. 





E os overcoats estão presentes em duas das cenas de filmes que marcaram (e praticamente definem) a minha adolescência. 

A primeira é a cena inicial de Closer: O instante em que Dan (Jude Law), caminhando pela calçada trajado em um casual sobretudo cinza, avista a misteriosa e irreverente Alice (Natalie Portman), que parece vir em sua direção, mesmo não o conhecendo. 






E a cena final de Encontros e Desencontros, quando Charlotte (Scarlett Johansson), andando pelas ruas de Tóquio, melancólica em seu overcoat preto, para ao ouvir o chamado de Bob Harris (Bill Murray). O momento do famoso sussurro que nós, espectadores, não somos autorizados a ouvir. 








Um encontro e uma despedida e belos sobretudos fazendo figuração :)

Bom inverno, boa temporada de frio e não esqueça de pegar seu casaco e beber algo adequado para essa época do ano. 

*Salut!*

[Bibliovideoteca] Filmes, séries, livros e HQs conferidos - Junho (2015)

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FILMES
Peter Pan (P.J. Hogan, 2003) Revisão ★★★½ 
Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida (Steven Spielberg, 1981) Revisão ★★★½ 
Os Pássaros (Alfred Hitchcock, 1963) Revisão ★★★★ 

SÉRIES
Game of Thrones (5ª temporada - season finale) ★★½
Humans (piloto) ★★★
Dark Matter (piloto) ★★

LIVROS
O Guia do Mochileiro das Galáxias: A Vida, O Universo e Tudo Mais  (Douglas Adams) ★★★
MTV Bota Essa P#$* Pra Funcionar (Zico Goes) ★★★

[78 Rotações] What's Up

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Fui pega de surpresa com o momento musical do quarto episódio da primeira temporada de Sense8 (série original da Netflix), quando os oito protagonistas, cada um em um canto do mundo, entoam os versos da canção What's Up, clássico dos anos 90 do 4 Non Blondes. Banda que teve esse único hit para contar a história.

A metáfora da cena é simples, mas brilhante: a música une as pessoas. E quer uma música melhor para unir a todos do que What's Up?



Basicamente, a série retrata os dramas vividos por oito desconhecidos, de etnias e culturas diferentes, mas que estão, de uma forma misteriosa, interligados. A escolha perfeita da canção que simboliza a conexão entre os personagens naquele momento, fez com que a série me ganhasse definitivamente. 

Mas o que essa música tem de tão especial e profundo? Bem, ela é fácil de cantar e compreender, todo mundo conhece, todo mundo já cantou no karaokê ou no banho e  a identificação com cada um dos versos que a compõe é inevitável e imediata. 
Twenty-five years and my life is still
Trying to get up that great big hill of hope
For a destination
Tem duas frases que me vem à cabeça quando ouço esses primeiros versos...

A primeira é o quote que está na header do blog: "posso não ter ido aonde queria ir, mas creio que estou exatamente onde deveria estar". Tem dias que me pergunto: será que estou mesmo?será que estou sendo sincera ao adotar esse quote como abertura do blog?

A segunda é "eu não sei bem o que quero, mas sei que não é isso". Nos dias em que me questiono a respeito da primeira frase, é exatamente esta segunda que me invade a mente...


Eu, assim como todo mundo, também choro, às vezes, deitada em minha cama, somente para colocar para fora tudo o que me desagrada. Para desabafar para o nada e para ninguém em especial. Para me livrar disso tudo que está na minha cabeça. E eu me sinto um tanto quanto peculiar. Diferente. Deslocada.

E eu acordo de manhã, bem cedo, para ir ao trabalho, abro a janela para saber se faz chuva ou sol, se preciso ou não levar meu casaco. Saio para fora e respiro profundamente. Há dias em que isso me deixa meio alterada. E só não grito a plenos pulmões O que está acontecendo? pois sei que vou ser criticada e ofendida pelos vizinhos. Mas é exatamente o que sinto vontade de gritar. 

Portanto, é como eu disse: What's Up é uma música de fácil compreensão, mais fácil ainda de se identificar, um tanto quanto datada (é a cara dos anos 90, o fim do grunge e tudo mais) e pode até ser considerada breguinha, mas não importa. Seu refrão me emociona e eu sempre sinto vontade de cantar em altos brados quando ouço:


And I say: hey-yeah-yeah-eh-eh 
Hey-yeah-yeah
I said hey! what's going on? 




*Salut*

[Café com páginas] Videoclipes, VJs e Vinhetas Malucas

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O chilique do Caetano Veloso no VMB 2004 entrou para a história, meio sem querer, por culpa de um técnico da banda do próprio artista que deixou um microfone aberto atrás do palco. Essa e outras histórias são relatadas no livro de Zico Goes cujo título é uma referência explícita ao episódio protagonizado pelo músico. A opção acertada e hilária de Zico (diretor de programação da MTV durante boa parte da trajetória da emissora) em nomear seu livro de Bota Essa Porra Pra Funcionar, deixa evidente uma das características mais marcantes da MTV Brasil: a autossátira. Como disse a ex-VJ Astrid Fontenelle no discurso de encerramento do canal em 30 de setembro de 2013: "foram 23 anos tirando sarro da gente mesmo". Foram 23 anos também de muita música, rebeldia, quebra de tabus e engajamento social. Com uma linguagem despojada, descontraída, em um tom de livro de memórias, e contando com prefácio do jornalista e ex-VJ Zeca Camargo, Zico faz um apanhado da história de uma das emissoras mais simpáticas que já tive o prazer de sintonizar na minha televisão. Mas vai ainda além, dando uma verdadeira aula de como fazer televisão e apresentando uma análise competentíssima da publicidade no país e do comportamento do jovem brasileiro. 

Zico acerta ao dizer que a emissora foi de fundamental importância na formação musical de muita gente (afinal, a MTV me apresentou algumas das minhas bandas favoritas) e ao discorrer sobre o caráter educativo do canal – que fazia ótimas campanhas de combate à AIDS e à discriminação sexual – evidencia o compromisso sério que tinha com seu público-alvo. Era notável o empenho em educar os espectadores com campanhas de conscientização ao longo de seus 23 anos. 

Como não podia deixar de ser, o diretor fala de eventos memoráveis como a premiação musical VMB, o campeonato Rockgol e Acústico MTV (fórmulas muito copiadas por outros canais), bem como da polêmica em torno de vinhetas e de alguns programas da emissora. O primeiro beijo gay da televisão brasileira, por exemplo, ocorreu na MTV, em uma edição especial do Fica Comigo, programa de namoro que revelou Fernanda Lima. A atração foi exibida em dia e horário atípicos e sem patrocínio nenhum! Ao tomar conhecimento de que se tratava de uma edição gay do programa, muitas marcas famosas pularam fora, algo que seria impensável atualmente, tendo em vista os ataques que sofreriam nas redes sociais por conta da atitude homofóbica. 

Zico ainda traça breves, objetivos, mas precisos perfis dos VJs mais emblemáticos da casa e é enfático ao afirmar que a MTV foi, de certa forma, precursora da internet, suprindo necessidades de um público ávido e curioso que não tinha a informação sempre a disposição, a um clique de distância como agora.

Algumas coisas incomodam: como a repetição dos três pilares que formavam a identidade da MTV (videoclipes, VJs e vinhetas malucas), ou como os músicos levavam o Rockgol muito a sério, dentre outros termos e adjetivos que ele reproduz excessivamente (mas nem posso julgá-lo, visto que tenho a mesma mania). Há erros pontuais aqui e ali – ele comete alguns equívocos no tocante ao ano de produção e exibição de determinadas atrações – mas como se trata de um relato bastante pessoal, amparado nas lembranças de Goes, a gente releva. 

A controversa frase "foda-se o videoclipe"não pode ser lida fora de contexto e é necessário entender o que o autor quer dizer com isso. É simplesmente o dar de ombros tão característico da MTV, um canal rebelde em constante mutação, que não buscava a fidelização do público como todos os outros, pois queria atingir jovens de diferentes épocas e gerações. E que esse jovem largasse a MTV a partir do momento em que se tornasse adulto. Essa era a proposta da empresa e o autor é honesto em salientar isso.

Para completar, o livro faz questão de destacar o caráter experimental da MTV que se virava com baixo orçamento, sempre dava um jeitinho de contornar problemas de maneira criativa, formava profissionais multifacetados que eram pau pra toda obra e se tornou um exemplo de super empreendedorismo ao não apenas topar correr riscos, mas abraçá-los.

MTV, Bota Essa P#@% Pra Funcionar! soa como um bate-papo entre amigos, um relato de um tom agradavelmente pessoal com uma excelente divisão de tópicos e cujos capítulos apresentam um texto corrido, dinâmico, ágil e irreverente à imagem e semelhança da própria MTV. Uma coisa fica clara: se não fosse o Zico Goes e um time de primeira botar essa porra pra funcionar direito, a MTV não teria passado dos primeiros anos e seria apenas uma cópia da MTV americana. Não teria construído uma identidade própria e sequer feito história na televisão brasileira.

Obrigada, Zico Goes!

[78 Rotações] O que eu ouvia na adolescência...

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Interpol
O que ouviam os adolescentes da minha geração, isto é, do início deste século?

Bem, a maioria deles ouvia new metal (Linkin Park), emo (Evanescence) e pseudo-punk cor-de-rosa (Avril Lavigne). Na verdade, eu também ouvi todos esses. Primeiramente por ser inevitável - as músicas deles estavam por todas as rádios, seus clipes espalhados pela programação da MTV, a gente ouvia seus refrões grudentos em todos os lugares: nos supermercados, no carro, na rua, na chuva, na fazenda e nas casinhas de sapê. E também porque eu gostava a princípio, quando ainda se tratavam de novidade. Mas, como foi com todos os expoentes desses subgêneros e seus herdeiros, enjoei rapidamente. Eram músicas que a gente ouvia numa semana e noutra já não suportávamos mais. Tanto pelo excesso de execuções radiofônicas e televisivas, quanto pelo fato de que elas tinham bem pouco a oferecer em termos de letras, arranjos e melodias.

Mas havia muita coisa bacana no início dos anos 2000, quando eu estava no auge dos meus 15, 16 anos...

Todo mundo que viveu aquela época deve se lembrar que surgiram novas bandas no cenário do rock mundial com um som mais cru, dito mais “despretensioso” (mas que não era exatamente). De qualquer forma era um som mais nervoso e urgente, com uma pegada setentista bem forte. Eles eram apontados como “a salvação do Rock”. Bem, se essa era a missão, falharam miseravelmente, pois eu não vi salvação nenhuma. E de que mesmo o rock precisa ser salvo? Diabos, que mania chata de ver tudo como “promessa” de salvação de algo, ao invés de apenas curtir o conteúdo. Talvez pelo fato de a mídia ver tanto essas bandas como símbolos de alguma revolução musical anunciada (que não aconteceu), ao invés de apenas como bandas de rock, é que não tenha rolado salvação nenhuma.

The White Stripes
Enfim. Foi por essa época que surgiram os Strokes com Last NiteThe Hives com aquele refrão que eu adoro repetir Hate to Say I Told You So!; The Vines que eu nunca vi muita graça; e a minha favorita: The White Stripes. E provavelmente Seven Nation Army é a música mais conhecida deles.

Outros que despontaram por esses tempo com o excelente disco Youth and Youngmanhood e a deliciosa faixa de trabalho Molly’s Chambers, foram o Kings of Leon que, posteriormente, mudaram bastante a identidade sonora da banda... Confesso que preferia o KoL em 2004.

Kings of Leon
"You want it
She's got it
Molly's Chambers gonna change your mind"

O Hellacopters foi uma banda bem legal da época também. By the Grace of God era brilhante.

O Incubus já tinha se destacado com a balada Drive, mas marcou mesmo com Megalomaniac e o refrão:
"Hey, megalomaniac
You're no Jesus
Yeah, you're no fucking Elvis
Wash your hands clean of yourself, baby"

O Rage Against the Machine havia acabado (lamento), mas seus integrantes (exceto pelo vocalista, Zack de la Rocha) se uniram ao ex-frontman do Soundgarden, o Chris Cornell, e formaram o Audioslave que lançou, dentre outras músicas, a inesquecível Like a Stone.

Audioslave
Outra junção de duas bandas era o Velvet Revolver. Tratava-se da união de alguns dos ex-integrantes dos Guns N’Roses com o líder do Stone Temple Pilots, Scott Weiland, que não chegou a emplacar nada, é verdade. Tinha um som meio antiquado, mas ainda assim interessante. Todavia, Set Me Free (trilha do incompreendido Hulk do Ang Lee, de 2003) e Fall to Pieces eram bem legais. Dizem por aí que a banda ainda existe, porém, nunca mais ouvi falar nada a respeito.

Mas teve muita coisa: 

Teve os integrantes do The Raveonettes tentando se matar no vídeo de The Great Love Sound. Eu ouvi pela primeira vez o Black Rebel Motorcycle Club, o Subways e o Kasabian com a genial Club Foot. Sem falar no Interpol que me marcou com No I In Threesome.

Kasabian
Também teve a Feist, a Amy Winehouse (que descanse em paz), o Muse, que hoje é cultuado, e a voz potente da Joss Stone.

E System of a Down que fez um sucesso enorme com B.Y.O.B.


System of a Down
A melancolia do Damien Rice com The Blower's Daughter, tema musical de Closer. Tanto a música quanto o filme marcaram minha vida. Mas quem lê este blog (minhas irmãs e dois amigos) já está cansado de saber disso.

Também passei a minha adolescência inteira ouvindo os álbuns Sleeping With Ghosts do Placebo e  One by One In Your Honor do Foo Fighters.

Foo Fighters
No Brasil, O Rappa era a banda que mais mandava bem em termos de videoclipes e letras poderosas, com A Minha Alma, O Que Sobrou do Céu e O Salto. A Pitty surgiu, como quem não quer nada, na cena do rock nacional e martelava hits como Admirável Chip Novo, Máscara e Equalize em nossas cabeças. O Marcelo D2 já era conhecido por ter feito parte do Planet Hemp, banda que despontou na década de 1990, mas em sua carreira solo, emplacou músicas memoráveis como Qual É e Loadeando. E os Los Hermanos faziam todo mundo ir às lágrimas com O Vencedor.

O Rappa
Tá bom, eu fui fã de Charlie Brown Jr. Depois me cansei da repetição das letras e dos clipes produzidos apenas para ganhar VMB, mas sim! Fizeram parte da minha adolescência e, provavelmente, foi uma das bandas mais representativas da minha geração.

E o Nando Reis, hein? Ele era da formação clássica dos Titãs, mas foi durante o início deste século que compôs algumas das letras mais lindas de sua proeminente carreira. É o caso de Luz dos Olhos.

Nando Reis
E, como ninguém é de ferro, eu também curti coisas pelas quais fui alvo de preconceito. 

Curti Everywhere da Michelle Branch e Too Little Too Late da Jojo. Curti The Calling e até You’re Beautiful do James Blunt

Independente disso, foi ótimo fazer esse apanhado. Eu realmente curti muita coisa boa na adolescência.

Abaixo, você confere a playlist no youtube contendo as músicas citadas no post. Divirta-se!



*Salut*

[A vida, o universo e tudo mais] Roubando infâncias...

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Há mais ou menos um mês, uma amiga me procurou na por meio de mensagem inbox no facebook. O que eu achei que era um simples, mas carinhoso recadinho de uma pessoa muito querida para mim, elogiando meu blog e me dando bronca por demorar tanto a responder no whatsapp (como eu tenho preguiça de whatsapp!), acabou se convertendo em um depoimento mais do que surpreendente. Chocante mesmo. Ela relatou um dos episódios mais sombrios de sua infância e pediu para que eu o postasse no meu blog, pois precisava desabafar, revelar um segredo, escondido por tantos anos, em um espaço que tivesse maior alcance do que um mensagem privada de facebook. De maneira anônima, contudo. A pedido dela, decidi preservar sua identidade, mas postar o que me pediu exatamente com suas palavras. É muito importante que vocês leiam:


Oi, Dri :)
Em primeiro lugar, parabéns pelo blog! Você continua sendo a melhor na arte de escrever.
Por mais que você negue o título de "escritora"é isso que você é. Você tem o dom das palavras e quando eu crescer espero ter esse dom também rsrsrs
Eu gostaria de te pedir uma coisa... Claro, se for possível e só se você quiser... Mas eu gostaria que você postasse uma revelação minha no seu blog. Sei que parece estranho pedindo assim, mas é que é importante pra mim. Há muitos anos eu escondo um segredo de quase todos os meus familiares e amigos. Nunca tive coragem de contar a ninguém a não ser a uma amiga que tem guardado esse meu segredo há cinco anos também. E agora quero dividir com você e com os leitores do seu blog. Acho que é importante para deixar um alerta, quem sabe? É difícil falar sobre isso e confesso que tenho pensado muito a respeito e até mesmo relutei em pedir isso pra você, mas como gosto muito do seu blog e acho que seria importante desabafar o que eu vivi , decidi finalmente me abrir com você. Explico o motivo: eu não aguento mais esconder isso, quero desabafar, mas ao mesmo tempo, não tenho coragem de revelar a todos à minha volta, portanto peço que preserve minha identidade no seu blog. Dando esse depoimento, mas não revelando meu nome, sinto que estou tirando um pouco do peso que venho carregando em minhas costas há tantos anos. Eu não tenho um blog e acho que não ousaria revelar isso mesmo se tivesse um, correndo o risco de meus parentes lerem... Por isso te procurei. Assim, eu não me exponho, já que ainda não tive coragem o suficiente para fazer isso (e sei que deveria, mas é complicado), mas a minha mensagem vai atingir os leitores do seu blog e é esse alcance que me interessa, pois desejo que isso sirva de alguma ajuda para alguém que passou ou passa pelo mesmo que eu passei... ou para que quem é pai ou mãe fique atento: fui vítima de abuso sexual na infância. Por uma pessoa da minha família. Não gosto nem de pensar quando isso começou, visto que ela cuidava de mim desde que eu era um bebê. Ela sempre cuidava de mim quando meus pais saiam à noite e, mesmo com pouca idade, já notava que havia algo de estranho na forma como ela me tocava. Aquilo não era normal... Eu nunca tive coragem de contar aos meus pais o que acontecia, pois tinha medo que eles dissessem que eu estava inventando ou que estava vendo coisas onde não tinha, pois a pessoa que abusava de mim era da família e eles juravam que a conheciam bem demais. Não é minha intenção relatar o que essa pessoa fazia comigo. Não seria confortável pra mim e nem mesmo pra você, na qualidade de ouvinte/leitora desse depoimento. Não seria confortável pra ninguém. Mas o que preciso dizer é que essa pessoa destruiu a minha infância. Me obrigou a crescer muito rápido e, o pior: cresci muito tímida, retraída, com uma aversão ao toque que, para muitos, sempre pareceu inexplicável. Ela conseguiu prejudicar meus relacionamentos futuros e eu jamais consegui me envolver normalmente com ninguém. Cresci insegura, muito autoconsciente, com um pouco de nojo do toque dos outros em mim... É difícil explicar o que eu passei e como isso me afetou, mas me afetou muito... Gosto nem de pensar quantas outras foram vítimas dessa pessoa... às vezes paro e penso que hoje ela é casada, com filhos... Ainda tenho que vê-la de vez em quando e ela me encara como se nada tivesse acontecido no passado... Ela roubou de mim anos preciosos, minha inocência. Essas feridas vão ficar pra sempre em mim e creio que jamais vão se curar realmente.
Dri, espero que você acate meu pedido de postar isso em seu blog, que possa servir de exemplo e que encoraje as pessoas a denunciarem essa atrocidade se tiverem conhecimento de algum caso semelhante. O silêncio nunca é a melhor opção quando se trata de abuso sexual. Mas, infelizmente, eu não tenho a coragem e a segurança de dizer em alto e bom som o que eu vivi... Bjos! 

Já tive que ler comentários como: só porque se formou em comunicação e escreve bem, acha que pode dar pitaco em qualquer assunto, que entende de tudo. 

Foi uma indireta, mas eu sei que foi pra mim :)

De qualquer forma, é um tanto injusto quando eu mesma declaro que não entendo lhufas de várias coisas. Já confessei neste blog, no meu texto sobre a Copa do Mundo, que não entendo de futebol. Mas os pontos que contemplei no artigo não exigiam amplo conhecimento a respeito do assunto.

Também disse, aqui no Sonhos, que não entendo lhufas de bulhufas e nem vinas de patavinas de moda. Eu me arrisco a escrever sobre, mas não sem antes pesquisar. É como uma forma de me auto-desafiar (ou seria autodesafiar?) e sei que, aos olhos de quem realmente entende do assunto, pareço amadora.

A questão é que eu não falo nada sem antes pesquisar muito. Eu leio pra caramba. Mas eis um assunto que me deixou sem palavras. Em que não posso apenas consultar meu repertório quando vocábulos apenas não bastam. 

Eu não passei pelo que esta amiga passou. Realmente fiquei em choque.

Quando conversei com ela sobre o assunto, me senti impotente. Não sabia o que dizer e nem como ajudá-la. Tentei aconselhá-la, mas não há nada de mais inútil do que conselhos quando você não compreende exatamente a situação pela qual a pessoa passou.


Tudo o que posso dizer realmente é que fico triste, chocada, revoltada com essa realidade. Que sinto asco, nojo, repulsa por esta pessoa, mesmo sem conhecê-la, e por todos aqueles capazes de cometer tal barbárie.

Querida amiga, eu me sinto feliz e grata por saber que você confia em mim a ponto de desabafar, de confessar o seu segredo mais perturbador e por me pedir para postar no meu blog a fim de que isso possa alcançar mais pessoas. Sei que não recebo tantas visitas e quase não o divulgo, mas tenho alguns leitores fiéis que, volta e meia, comentam sobre os meus textos no facebook e whatsapp. Espero que postar aqui, sirva de alguma ajuda.

Também gostaria de dizer que você é uma pessoa maravilhosa, cheia de determinação e um excelente ombro amigo. Lamento muito que tenha passado por isso e que não seja possível apagar essas lembranças horríveis de seu passado. Lamento que essa pessoa asquerosa tenha lhe roubado sua infância e inocência, lhe fazendo crescer tão rápido e da pior e mais dolorosa maneira possível. Lamento saber que o seu caso é mais um entre tantos. Que há um número assustador de crianças que passa por isso todo dia. Acima de tudo, lamento não poder fazer nada para lhe devolver sua vida sem esses traumas.

Essas feridas vão ficar para sempre, como você disse. Dificilmente irão cicatrizar. Prejudicou seus relacionamentos e desenvolveu em você uma fobia e aversão ao toque... E isso me entristece. Eu me coloco em seu lugar e não sei se sinto mais angústia, repúdio ou raiva. É uma confusão dos piores sentimentos existentes...

E espero que a pessoa que fez isso com você não torne a roubar a vida de mais ninguém.

Se você souber de algum caso como o relatado neste post, de abuso sexual infantil cometido dentro do próprio lar, não deixe de denunciar essa atrocidade.

Disque 100 para denúncias de violação de direitos de crianças ou adolescentes, principalmente em casos de abuso ou exploração sexual. O serviço é gratuito e a denúncia pode ser feita anonimamente. 

Alguns sites válidos:
Childhood
CEDECA
Liga Solidária

Estas são as ONGs sobre as quais já li diversas vezes. Mas há várias outras. Quem souber de mais alguma, pode postar nos comentários que eu acrescentarei no post. 

Beijos!

[Bibliovideoteca] Filmes, séries, livros e HQs conferidos - Julho (2015)

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FILMES
Operação Big Hero (Chris Williams e Don Hall, 2014) ★★★½ 
Amor Bandido (Jeff Nichols, 2012) ★★½
Homem-Formiga (Peyton Reed, 2015) ★★½
Cidadão Kane (Orson Welles, 1941) Revisão ★★★
Herói (Zhang Yimou, 2002) Revisão ★★
A Árvore da Vida (Terrence Mallick, 2011) Revisão ★★★
A Viagem de Chihiro (Hayao Miyazaki, 2001) Revisão ★★

SÉRIES
My Mad Fat Diary (3ª temporada - series finale) ★★★½ 
Humans (1ª temporada - em andamento) ★★★½

LIVROS
A Fúria Dos Reis - As Crônicas de Gelo e Fogo - Vol. 2 (George R. R. Martin) ★★★½ 

[Escritora de quinta] E como mudamos...

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"Ch-ch-ch-ch-changes..."

É ao som e na vibe desta canção de David Bowie que eu inauguro esta nova seção do Sonhos Empoeirados: Escritora de Quinta. Sim, o trocadilho é proposital. Tem tudo a ver com minhas tão características autodepreciação e autozoação. Bem, a verdade é que não há grande diferença desta seção para a já conhecida A Vida, o Universo e Tudo Mais, além do fato de que esta será postada nas quintas-feiras e, provavelmente, abordará temas mais pessoais e intimistas, ao contrário do A Vida que compreende assuntos mais abrangentes. Veremos... Bora textão de hoje!


Não tive tantos problemas em mudar de casa. Quase nenhum para ser bem franca, além do fato de que estava morrendo de preguiça de colocar as minhas coisas em caixas de papelão. Pensando bem, creio que eu ainda não esvaziei todas aquelas caixas. Mesmo dois anos após a mudança...



Enfim.

Deixei para trás a casa que eu vivi alguns dos melhores momentos da minha vida com algumas das pessoas mais especiais. Algumas que ainda estão aqui, outras que não estão mais. Algumas que tiveram a chance de conhecer minha nova casa, outras que jamais terão a oportunidade de colocar os pés aqui. Tive uma infância maravilhosa com um balanço, uma rede de descanso, uma cesta de basquete e um escorregador. Sem falar daquela palmeira primorosa - e ruidosa em dias de ventania. Cresci naquela casa, ao lado de toda a minha família. Com meus pais e duas irmãs. Uma irmã que se casou e foi viver em outra casa. Um pai que faleceu e foi viver em algum outro lugar que desconheço. Mas me adapto facilmente. Me adaptei tão bem à casa nova, aos novos vizinhos, ao novo bairro... Assim como me adaptei, no passado, às novas instituições de ensino que passei a frequentar. Também não sofri com mudanças de escola.

Adoro sair da rotina e, por isso, amo viajar. Jamais quero voltar pra casa. Quero ficar mais um pouco no hotel, curtir mais as paisagens que os meus destinos me proporcionam conhecer.

Porém, embora não tenha problemas em me deslocar, não gosto de outros tipos de mudanças... Machuca muito perder contato com pessoas, ou deixar de fazer coisas que antes eu fazia. As que fazia por prazer e até mesmo as que fazia por obrigação. Detesto ver certas redes sociais morrendo. Me acostumar com a presença de pessoas diariamente - em ambiente acadêmico ou de trabalho - para depois vê-las com tão pouca frequência. Odeio passar por esse tipo de transições...

Sinto uma nostalgia profunda e dolorosa ao ler antigas conversas que ainda guardo - seja no meu e-mail ou quando solicito meus arquivos do twitter. Sinto falta de como tudo era antigamente. Gostaria que as coisas fossem mais constantes, que as mudanças fossem pequenas, não tão drásticas. Mas isso é impossível.

As mudanças são necessárias. Antes sentir saudade e uma crescente nostalgia do que se foi, do que permanecer sempre na mesma. Seria uma vida entediante.

O meu apego ao passado é muito grande. E, curiosamente, existe desde que eu era muito nova. Nunca compreendi bem a razão de minha nostalgia precoce. Mas tenho procurado exercitar o desapego nos últimos tempos. Do contrário, jamais vou me permitir evoluir adequadamente.

É com um pouco de resistência que mudo - e venho mudando cada vez mais - certos hábitos e determinados aspectos da minha vida. Porém, apesar da relutância, sei o quanto as mudanças são fundamentais. É apenas mudando que podemos seguir em frente e ir mais longe. As mudanças nos levam a lugares impensáveis. Algo que a eterna constância jamais nos proporcionaria.

Nos últimos anos, mudei muito e percebi o quanto errei sem me dar conta.

Há algum tempo, descobri que é essencial aprender a dar adeus, mesmo que machuque.

Assim como descobri que não mudar de opinião nunca, faz de nós seres retrógrados e ignorantes.

Metamorfose ambulante

Já diziam os versos daquele clássico de Raul Seixas:

"Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante. Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo".

(E aqui abro um parênteses para dizer que já citei Bowie e Raul, o que significa que este post só melhora e inaugurei muito bem esta nova seção :D )

É mais do que irritante quando alguém, com a sutileza de um elefante, te cutuca nas redes sociais ou mesmo pessoalmente com o famigerado "ué, mas antes você não gostava e agora gosta". Ou o contrário: "gostava tanto e deixou de gostar... não é possível". Como se isso fosse um crime. Como se não pudéssemos mudar nunca de opinião. Como se não pudéssemos reavaliar as coisas a fim de decidirmos se, de fato, gostamos ou não. Melhor ainda: se continuamos a gostar ou não.

As pessoas podem mudar de opinião. Aprender a gostar do que não gostavam. Desgostar do que já gostaram. Não há nada de errado nisso. Não consigo me imaginar com os mesmos gostos e preferências de quando tinha 11 anos. Ou 17, ou 21, ou 23... Algumas coisas, sim. Outras, não. Nada mais terrível do que a ideia de não mudar, de permanecer sempre com os mesmos interesses. De ter uma opinião formada e carregá-la para o resto da vida. Às vezes a gente gosta/não gosta por desinformação. Nutrimos interesse por algo ou alguém e, depois de conhecermos melhor, nos desinteressamos. Ou vice-versa.

Se você nunca muda de opinião, então só pode estar morto em vida. Somos seres mutáveis e é extremamente normal que reavaliemos nossos conceitos, mudemos de ideia ou, depois de algumas conversas, discussões e mesmo novas avaliações, comecemos a analisar as coisas por outro ângulo, sob outro prisma, um novo ponto de vista. É saudável reconhecer que estávamos errados. Que as coisas, simplesmente, caiam ou subam no nosso conceito. Sou do tipo que aprende a gostar das coisas com o tempo. Todas as minhas grandes paixões já foram alvos de meu preconceito em alguma fase da vida. Mudar faz parte da nossa essência, da nossa natureza e, principalmente, da nossa evolução.


Inerte, você nunca vai a lugar nenhum. O mundo muda e você não pode se recusar a aceitar as mudanças. Essa inércia somada à resistência em adotar uma opinião diferente daquela antiquada ou equivocada de outrora, te leva à ignorância. Você segue olhando para a frente sem nunca olhar para os lados, sem jamais pensar na possibilidade de seguir por outro caminho.

Posso dizer seguramente que, nos últimos anos, os momentos que mais me trouxeram aprendizado, foram aqueles nos quais decidi rever meus conceitos, repensar e reavaliar minhas ditas opiniões formadas. Foram aqueles nos quais parei para pensar se não deveria adotar outra linha de raciocínio, me esquivar de alguns ideais idiossincráticos e, por fim, reconhecer que eu estava mesmo errada. Só errando é que podemos acertar. É a prática que nos leva à perfeição. Portanto, não tenha medo de mudar. Faz bem ;)

Aproveito e indico uma animação maravilhosa do Studio Ghibli ('maravilhoso' e 'Studio Ghibli' na mesma frase é quase um pleonasmo), que fala exatamente sobre isso: o medo de mudanças e o difícil processo de adaptação. Trata-se de A Viagem de Chihiro do Hayao Miyazaki, que eu creio que todo mundo já deve ter visto. Mas, se você está entre os que ainda não assistiram a esta pequena pérola, o que espera para ver?

*Salut*

[Nostalgia] Cemitério das Marcas

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E finalmente eu inauguro a seção Nostalgia aqui no blog =)



Você voou com a VASP ou Varig? Teve conta no Bamerindus? Comprou na Disapel (se é do Sul), Arapuã, Mesbla ou Brasileiras? Usou o creme dental Kolynos? Tomou sorvete Yopa? Fez uma ligação pela Intelig? Melhor ainda: assistiu à Rede Manchete

Ah, quanta saudade da Manchete... =')

Se você viveu os anos 1970, 1980 e 1990, certamente não apenas ouviu falar de tudo isso, como também foi usuário destas marcas, hoje falidas (exceto pela Kolynos que, na verdade, foi comprada pela Colgate e virou Sorriso).

E, para abrir a seção Nostalgia, nada melhor do que conferir algumas das propagandas mais célebres protagonizadas por estas que hoje ocupam um lugar de destaque na nossa memória e um sepulcro no cemitério das marcas:



Ceu azul, leste, oeste, norte ou sul... VASP!


A estrela brasileira! Chorem comigo, nostalgicos! Propaganda da Varig:


O tempo passa, o tempo voa e a Poupança Bamerindus continua... oh, bem... acabou!


Como se esquecer dessas vozes? Comercial da Disapel:


Quem é... que te cobre de beijos? Arapuã - Ligadona em você!


É a propaganda de Natal da Mesbla. Mas poderia ser, sei lá, um clipe do Michael Jackson? A influência é bem óbvia :)


Tô indo nas Brasileiraaaas! Quem quer um mini system?


Ahhhhh! Kolynos:


Yopa! Só que... geladinho!


Lindona essa propaganda... e com um cover de Imagine do John Lennon. Uma das principais campanhas da Intelig


Aconteceu, virou Manchete!


Por que diabos eu não fiz Publicidade?

*Salut!*
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